29 de abril de 2018

George Bennett com contas a ajustar na Volta a Itália

(Fotografia: © Lotto-Jumbo)
Para George Bennett chegou o momento de se afirmar. Já chega de erros de treino, de doenças ou de outras "desculpas". E depois de ter saído praticamente incólume de um choque com um carro antes do arranque da Volta aos Alpes, o neozelandês apresenta uma candidatura ao Giro que o coloca entre os ciclistas a ficarem no top dez. Porém, tendo em conta o que demonstrou na semana passada, Bennett deixou indicações que poderá estar bem preparado para se intrometer numa luta ainda mais ambiciosa.

Após o 10º lugar na Vuelta em 2016, Bennett foi ganhar a Volta à Califórnia, demonstrando que poderia ser uma agradável surpresa para o Tour que se aproximava. Não estava a desiludir e o top dez era uma forte possibilidade. No entanto, um problema de saúde obrigou-o a abandonar. Apostou novamente na Vuelta, mas não estava recuperado e a equipa decidiu tirá-lo da corrida após a 11ª etapa. "Houve semanas em que não conseguia sair da cama. Estava completamente esgotado", contou recentemente ao Cycling News. Referiu como há um ano sofreu de mononucleose e que conhecendo o caso de Beñat Intxausti - espanhol da Sky que praticamente não tem competido nas últimas três temporadas -, chegou a ficar bastante preocupado. Agora garante que está tudo bem e que está pronto para atacar um Giro de más memórias.

Foi em Itália que se estreou nas grandes voltas, em 2013. Um jovem Bennett, então na RadioShack-Leopard, estava ansioso por se mostrar e aprendeu uma valiosa lição: "Foram as priores três semanas da minha vida. Consegui treinar de mais na Serra Nevada. Comecei o estágio como herói e acabei como o pior ciclista. Fui à Romandia e fui último todos os dias e depois fui ao Giro e fui uma merda. Vivi os piores momentos. Aprendemos muito sobre o que não devemos fazer."

Quando ia regressar ao Giro em 2015, já na Lotto-Jumbo, acabou por ser excluído pela equipa na véspera quando teve conhecimento de um teste que tinha detectado níveis baixos de cortisol. A formação holandesa fazia então parte do Movimento por um Ciclismo Credível e como o resultado poderia ser significado do uso de cortisona ou de algum problema de saúde, as regras determinavam que não deveria correr. Bennett enfrentou a missão de comprovar que não tinha recorrido ao doping, nem tinha qualquer outro problema e conseguiu. A Lotto-Jumbo deixou o movimento depois deste caso.

2018 e nova tentativa de regressar ao Giro. Tudo parecia estar a correr bem até que durante o reconhecimento antes do início da Volta aos Alpes, um carro atravessou-se à sua frente. O ciclista ia a grande velocidade e ao chocar passou por cima do veículo antes de cair. Apesar do susto e de por momentos não conseguir mexer o joelho, Bennett competiu e foi quinto, a um minuto do vencedor, Thibaut Pinot (Groupama-FDJ). Porém, não esconde com o acidente o afectou a nível psicológico, admitindo que nas descidas teve algum receio. Fisicamente diz estar bem, ainda que não consiga mexer bem o ombro. "Não me dói. Não estamos preocupados", afirmou.

Se Bennett (28 anos) apresentar a forma que demonstrou na Volta aos Alpes e conseguir ir melhorando durante as três semanas, o neozelandês poderá ter capacidade para estar com os principais favoritos e tornar-se ele próprio num. O seu problema era o contra-relógio, mas tem trabalhado muito neste aspecto e se recuámos à Volta à Califórnia do ano passado, surpreendeu tudo e todos ao segurar a liderança, defendendo-se muito bem. No Tirreno-Adriatico, em Março, perdeu 35 segundos para Chris Froome.

Esta sua evolução na especialidade e a sua inegável qualidade na montanha, levou a Loto-Jumbo a apostar no neozelandês em Itália, deixando Steven Kruijswijk - o homem que viu escapar-lhe a vitória no Giro em 2016 - concentrar-se no Tour. Apesar da presença de Chris Froome e de Tom Dumoulin surgir com um estatuto reforçado depois da vitória no Giro100, esta é uma corrida que terá tendência a ser um pouco mais aberta do que uma Volta a França. Bennett poderá encontrar uma competição à sua medida.

A equipa poderá não ser das mais fortes, mas conta com muita experiência que terá um papel importante em, pelo menos, deixar bem colocado Bennett. Na alta montanha é de Robert Gesink (31 anos) de quem mais se espera, até porque o holandês é um ciclista com top dez no Tour e Vuelta. Estando em forma, Gesink não deverá ficar limitado a ser um homem de trabalho, com a Lotto-Jumbo a ter outra opção viável para um bom resultado.

Enrico Battaglin, Koen Bouwman, Jos van Emden - que no ano passado venceu o contra-relógio final do Giro100 -, Gijs van Hoecke, Bert-Jan Lindeman e o sprinter Danny van Poppel completam a equipa da Lotto-Jumbo.

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